segunda-feira, 31 de agosto de 2009

*Quarto capítulo*

*A falta de tempo tem me impedido de escrever... por isso a demora na "entrega" desse capítulo...
Como diz um amigo querido, um dia ainda vou viver só de escrever, dai não terei mais esse problema... enquanto isso, sigo dando um jeitinho entre uma brecha e outra...

Obs.: Para entender esse é preciso ler o anterior e assim por diante, não é igual a novela que passa na tv, que vc assiste um sábado e quando vai assistir no sábado seguinte ainda tá na mesma coisa,rsrss....

...Fui convidada por uma amiga da minha familia para morar em Fortaleza...para trabalhar na casa da mãe e da irmã dela...eu tinha 13 anos, nunca tinha ido além da cidadezinha onde estudava e Fortaleza ficava umas 8hs de lá...
Na verdade eu tinha falado com ela para me chamar quando algum parente dela precisasse de alguém para trabalhar para eles ... e um belo dia sem mais nem menos eu estava passando lá em frente ao posto de gasolina, do qual ela era dona, e ela me chamou e perguntou se eu queria ir com ela a Fortaleza, porquê a mãe e a irmã estavam precisando de alguem, eu quase tive um treco, e o pior foi quando ela me disse que era para viajar no outro dia, e eu devia ir para casa, falar com minha mae, arrumar minha mala e está lá de volta para viajarmos a tarde (do outro dia, que era um sábado)
Minha cabeça começou rodar, um monte de coisas vinha ao mesmo tempo em minha mente, e sem muito o que fazer eu somente disse: SIM! estarei aqui...
fui para casa a mil...
fiquei tão atordoada que fui direto para a rodoviária pegar o ônibus para casa e até esquecí que eu devia passar na minha vó prá deixar umas coisas que minha mãe havia mandado pra ela e era por esse motivo que eu tinha passado em frente ao posto de gasolina, é que aquele era o caminho prá casa da minha vó....
cheguei a minha casa com as coisas e quase apanhei, e quando contei a novidade a minha mãe, quase apanhei de novo,rsrs...
foi uma grande euforia, no fundo todos sabiam que eu devia ir, que ia ser melhor para mim, ia poder ganhar um dinheirinho para ajudá-los, ia poder me dedicar mais aos meus estudos, numa escola melhor, enfim...ia poder ter uma vida melhor, de certa forma...
Mas e o medo? dava para perceber que minha mae estava apavorada, meu pai foi mais racional, ele confiava e gostava muito da Mundinha (que era quem tava me levando) com ela ele deixava eu ir a qualquer lugar, minha mãe tambem confiava, mas ainda assim temia por mim, afinal eu era sua menininha...de repente sua filhinha ia alçar vôo...
Minha familia é grande, somos 8 irmãos...sendo 5 mulheres e 3 homens...
eu sou a mais nova das mulheres...e nessa época, todas as minhas irmãs já haviam alçado seus vôos, 3 estavam morando em Sao Paulo, e uma em Fortaleza, inclusive, na casa de parentes tambem da Mundinha, todas já haviam saido de casa para enfrentar o mundão lá fora em busca de melhores condiçoes de vida, agora restava eu...
e acho que pelo fato de ser a mais nova, ela tinha mais medo, afinal, sempre tinha estado ali com ela, agora ela ia ser a unica mulher naquela casa...
Ela tentou me convencer a nao ir...pensou em todas as coisas ruins que poderia acontecer, tava quase conseguindo me convencer a nao ir, mas de vez em quando ela mesma citava as coisas boas que tambem poderiam acontecer, e isso deixava nós duas em dúvida...
mas acabamos nos convencendo de que eu deveria tentar, afinal, nao era obrigada a ficar lá, se nao desse certo, voltava...e eu nao ia estar ao todo sozinha num lugar desconhecido, tinha a minha irmã que pelo menos morava na mesma cidade, já era alguma coisa pensar isso...
e então começou a correria, arruma roupa, passa roupa, lava isso, conserta aquilo...
uma hora eu tava triste, na outra eu tava empolgada...era uma mistura de emoções e sensações que de certa forma eram desconhecidas prá mim...(apesar de já ter passado por algo parecido quando mudamos de um sítio para outro) de um lado a sensação de perda, a tristeza por deixar os amigos, mas por outro, a alegria, as portas se abrindo para o novo, o desconhecido (e esse sempre traz surpresas) enfim...
Dessa vez era bem diferente...por muitos motivos...
Havia uma festa aquela noite, eu nem consegui aproveitar muito, só pensava no que ia ser da minha vida a partir daquele dia...
Então falei pras minhas amigas que tava indo viajar no outro dia prá Fortaleza prá dar uma força prá mãe da mundinha que tava sem empregada, elas ficaram meio chateadas aquela noite, especialmente a Suenir, que era na época a minha melhor amiga...foi uma noite estranha, o clima ficou tenso, e ninguém falava nada com nada, e quando abriam a boca era somente prá me encher de perguntas...e aquela que poderia ter sido uma ótima noite para eu guardar na lembranças, acabou sendo a pior noite que passei com a galera...
E foi assim que alcei meu primeiro voo em direção ao futuro ... dia 26 de junho de 1993 desembarquei em Fortaleza...na bagagem apenas lembranças, muitas lembranças... e no coraçao esperanças, muitas esperanças...
Nos primeiros dias eu quis voltar, chorava muito com saudade da minha mãe, do meu pai, da minha casa, dos maninhos, das amigas e de todo o meu mundo que havia ficado lá atras...
Ainda bem que nao voltei...na verdade, fui convencida a nao voltar....e essa foi só uma das inúmeras coisas boas que o pessoal daquela casa fez por mim, mas no começo tudo era estranho demais...eu já acordava querendo dormir para esquecer que tava tão longe de tudo e de todos...
o mês de julho demorou a passar, aquele era meu mês favorito, era mês do meu aniversario, mas pela primeira vez foi o pior mês...
E foi assim que dia 23/07/93 fiz catorze anos...o único consolo foram as cartas que recebi de meus pais e minhas amigas, agora esse era meu passatempo favorito, escrever cartas... e quando recebia as que elas me mandavam, eu chorava e chorava...
Mas finalmente julho se foi e agosto veio... e com ele, uma coisa ótima...a escola...
Escola nova, amigos novos, desafios...tudo,tudo novo...amava estudar, amava a escola desde pequena, e foi a escola que me fez querer ficar em Fortaleza, porquê já nos primeiros dias eu conheci muita gente, os professores foram muito legais comigo, mais uma vez eu era a novidade do pedaço, e aquilo tinha suas muitas vantagens....
Estava na sétima série...logo de cara fiz amizade com 3 pessoas em especial...Paula, Márcio e Niedja...tínhamos a mesma idade, falávamos a mesma língua....sabe o tipo de amizade que você faz e fica prá vida toda? entao...com esses três foi assim...tem 16 anos que isso aconteceu, e somos amigos até hoje....éramos carne e unha, fazíamos os trabalhos juntos, e tirávamos as melhores notas...éramos queridos pelos professores e aquela escola era nossa casa...
Que época boa!!! minha querida escola Hermino Barroso (HB)...conhecia desde a faxineira até a diretora...toda noite antes da aula começar eu ficava um tempo vendo a novela na sala dos professores...era um barato...
Durante o dia, eu e Aldenoura (a outra empregada) nos revesávamos para cuidar das duas casas...a da Dona Noeme e a da Luci, que eram, respectivamente,a mãe a irmã da Mundinha...
A unica coisa ruim de morar em Fortaleza era o fato de não morar com meus pais, por mais legais que o pessoal fosse comigo, por mais que me tratassem não como empregada e sim como pessoa, eu queria muito ter morado em Fortaleza com minha familia, porquê sem dúvida eu ia poder dizer que aquela foi a melhor época da minha vida...mas nao foi exatamente por isso, porquê eu nao tinha a liberdade que teria se morasse na minha casa, com meu povo, lá em Fortaleza eu conheci tanta gente, fiz tantas amizades, mas tudo isso se restringia a escola, eu nao podia sair, só ia de casa prá escola e vice-versa, a escola era o unico lugar que eu podia ir sozinha, e talvez por isso eu a amava tanto, era lá que passava tempo com meus queridos amigos e amigas, e isso nao significa que eu ficava presa em casa, não, eu até saia, ia a missa nas noites de sábado, depois a gente comia fora, as vezes íamos ao shopping, ao cinema, brincávamos no parque, e de domingo íamos a praia, mas sempre acompanhada da Luci, do seu marido (Airton) e das crianças... ah e da Aldenoura tambem...
A gente se divertia a beça, especialmente eu, que agora era mais criança que nunca havia sido, a Aldenoura que na época devia ter uns 17 anos não gostava muito desses passeios, ela tava na fase de querer curtir, ficar, beijar, e eu tava finalmente deixando fluir meu lado criança, pelo menos nesses passeios, eu adorava...e entendia o fato de nao poder sair sozinha, a Luci e Dona Noeme eram responsaveis por nós, meus pais e os da Aldenoura haviam nos confiado a elas, e qualquer coisa que nos acontecesse, seria de suas responsabilidade, eu entendia isso, a Aldenoura não...era meio rebelde (leia-se adolescente).
E é óbvio que eu adoraria que fosse diferente, adoraria poder sair com a galera, aprontar mil e uma, mas como não podia, eu aproveitava o que tinha.
as vezes as meninas e o Marcio vinham até a casa que eu morava para fazermos os trabalhos da escola juntos, passavamos a tarde mais conversando que estudando, e assim ia aos poucos ganhando terreno e me acostumando naquele lugar...

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